Quinta, 04 de Setembro de 2025
O vice-governador do Tocantins, Laurez Rocha Moreira (PSD), assumiu interinamente o comando do Poder Executivo estadual após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar o imediato afastamento do cargo do então governador Wanderley Barbosa (Republicanos). O ato administrativo foi publicado no Diário Oficial do estado.
Barbosa é investigado por suspeitas de participação em um esquema de desvio de recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia da covid-19. A Polícia Federal (PF) aponta indícios de apropriação de dinheiro destinado ao estado, inclusive por meio de emendas parlamentares.
A PF estima que o prejuízo aos cofres públicos, considerando apenas os contratos para a compra de cestas básicas e frango congelado, pode chegar a R$ 73 milhões.
Por determinação do ministro do STJ Mauro Campbell, Barbosa e sua esposa, Karynne Sotero Campos, foram afastados de suas funções públicas por, no mínimo, 180 dias. O casal também está proibido de acessar prédios de órgãos públicos estaduais.
Laurez Moreira anunciou a exoneração de todo o primeiro escalão do Poder Executivo e a substituição dos cargos por pessoas de sua confiança. Foram publicadas 51 exonerações no Diário Oficial.
Em sua primeira entrevista coletiva, Moreira afirmou que sua prioridade é resgatar a confiança da sociedade e dos investidores, conferindo mais transparência à gestão estadual.
"A falta de transparência abre espaço para a corrupção. O que queremos é justamente o contrário, um governo aberto, em que todos tenham acesso às informações e possam acompanhar cada passo da administração", declarou Moreira.
O governador afastado Wanderley Barbosa se defende afirmando que, na época dos fatos investigados, era vice-governador e não respondia por contratos.
“É importante ressaltar que o pagamento das cestas básicas, objeto da investigação, ocorreu entre 2020 e 2021, ainda na gestão anterior, quando eu exercia o cargo de vice-governador e não era ordenador de despesas”, reafirmou Barbosa, referindo-se à gestão de seu antecessor, o ex-governador Mauro Carlesse.
Em outubro de 2021, Carlesse também foi afastado do cargo por determinação do STJ, devido a suspeitas de participação em um esquema de propinas. Ele renunciou ao cargo em março de 2022.
Para o relator da investigação no STJ, Mauro Campbell, as provas apontam que o esquema de desvio de recursos públicos foi continuado e incrementado após a chegada de Barbosa ao governo.
Segundo o ministro, Barbosa "transformou o governo do estado em um verdadeiro balcão de negócios, recebendo montantes em espécie a título de vantagem indevida".
O governador afastado garante que determinou a auditoria de todos os contratos sob suspeita e o encaminhamento das informações às autoridades competentes.
“Além dessas providências já em curso, acionarei os meios jurídicos necessários para reassumir o cargo de governador, comprovar a legalidade dos meus atos e enfrentar essa injustiça, assegurando a estabilidade do Estado e a continuidade dos serviços à população”, garantiu Barbosa, em nota.